terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Verdades sobre 2010.

Well... 2010 está chegando ao fim e o que eu posso dizer? Foi um ano especialmente difícil, trabalhoso, mas acima de tudo foi um ano de mudanças. Esse deve ser o discurso de muitas pessoas, eu sei disso, mas isso não me faz desacreditar no quão potenciais foram as mudanças que se sucederam durante os dias desse ano. Uma prova pragmática disso foi a minha ausência de posts esse ano, por descrença própria, por falta de motivação. Sobretudo um erro meu. E como nós sempre temos essa mania de repassar os erros, hein? (Olha eu fazendo isso, de novo.) Viver atribuindo nossas falhas às outras pessoas por um conforto momentâneo. Pode haver um motivo pra se desacreditar, mas a única pessoa capaz de acreditar ou não somos nós mesmos.
E o tempo é uma desgraça (peço perdão aos pudicos.) numa retrospectiva do que se passou eu lembro dos planos que fiz pra 2010. E bem, 2010 me deu um tiro nas costas, desses bem traiçoeiros. As dificuldades, os conflitos, foram muitos. E com o tempo você percebe que ganhou alguns amigos, mas que perdeu outros. Percebe que ganhou alguns valores, mas esqueceu de outros tão agregados a você. Daí então vem o grande baque: sua essência se modifica. Eu não sei bem sobre isso, descobri há uns 10 minutos atrás arrumando minhas malas pra viajar para o natal e o réveillon e olhando algumas roupas antigas. Roupas que eu jamais usaria hoje. E daí você percebe o quanto uma causa pode te deixar acomodada. Um trabalho, um relacionamento, um plano... Você descansa. Come mais, escreve menos, se importa menos, esquece mais. Mais, menos, mais! Qual foi o saldo final? Eu não consigo fazer o cálculo, mas talvez o resultado seja o seguinte: agregar valores pode ser ótimo... Esquecer quem você é? É um grande sinal de menos entrando pelo seu rabo sem você ao menos perceber. Daí você percebe que sua família está afastada, seus amigos permanecem nos mesmos lugares, mas outros já se foram e que bem, você ainda tem o seu parceiro que se encaixa no lote dos amigos que permaneceram ao seu lado.
Vamos brincar de sete erros? Os sete sou eu. Não é o destino, ou a tradição de números pares e impares que faz um ano ser bom. Todos os anos vem medíocres e nós é que trabalhamos em cima deles os tornando bons anos, ou maus anos. Eu permaneci estática, então consideremos 2010 um ano na média. Em cima das perdas tiveram os ganhos... Mas e se ainda em 2010 eu puder ganhar e recuperar o que perdi? Bem, eu não sei.
Escrever isso aqui já é um começo, ou talvez o fim. O fim porque a Manuella de um ano atrás continua aqui e quando eu me sento em frente ao computador pra escrever honestidades – e algumas desonestidades – eu tenho a plena consciência de que eu sou o cara com um copo de whisky na mão, eu sou dona do meu próximo ano e do finzinho deste que ainda está acontecendo. E eu continuo a mesma, só parei pra recesso. Pra poder aprender que certas coisas nunca mudam, mas outras tem que seguir em frente. Que venha o ano medíocre de 2011 e que eu possa trabalhar duro pra torná-lo legendário, não sozinha, mas sempre em boa companhia. Sem alarmes, sem surpresas, só seguindo em frente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Um aninho chegando, hein?

Sem festa, sem bolo, sem língua de sogra. Estarei viajando daqui a três dias quando esta joça fizer um ano. Prometo que farei alguma coisa, mas estas são como minhas promessas de assiduidade neste blog e é época de eleição... Melhor não arriscar: feliz aniversário, intacta retina. Que você continue sendo esse reduto de merdas e pensamentos desconexos.

A rotina da dose.

- Ê gole ardente.
Bate o copo na mesa como bate na porta de casa, como bate a porta da geladeira, como jamais bateria a porta do seu carro zero na porta do bar. O veneno quente, voraz escorre pela garganta escoando pelo estômago, ecoando satisfação.
- Ê, sexta feira tacanha.
Estufa o peito se munindo de garrafa, copo e petiscos de quinta ou talvez da quinta-feira passada. Brada com o copo na mão, resmunga da semana, alivia toda a possível mágoa pungente num arroto. Estremece o chão, as bases, o mundo ao redor.
- Ê mudinho fedorento.
Toca o telefone, troca a roupa de vagabundo pela de advogado, junta os álibis, desmente os fatos, omite outros empunhando a sua principal arma: um copo de cerveja.
- E não diga que é qualquer um!
Um copo de cerveja gelado.
- Como?
Estupidamente gelado, se me permite a correção. Troca de copos, oscila bebidas como se fosse as roupas caras que sua mulher comprara. Aquela mesma que acreditou na reunião de trabalho enquanto o traía com um sócio da corporação. Troca de copo, sua mulher tira a roupa. Bebe um gole, sua mulher deixa que outro adentre seus limites em carne viva. Ele suspira, ela geme.
- Boa música, bom ambiente... Vê meu novo carro lá fora?
Que vida desencontrada, vazia... Ou talvez cheia das regalias dos cegos ostentadores.
- Deveriam me pagar por ser tão esperto.
Tola sociedade dos tolos modos, dos tolos homens, dos tolos rabos de saia desencantados. Maldita sociedade do sobe e desce mais uma caixa, mais uma mulher. Desce mais uma rodada que rode todo o mundo, pois o ciclo – aquele que não é da água, nem das plantas, nem da vida – este, não para. Ele só espera a próxima dose.

domingo, 18 de julho de 2010

Ferver e foder.

Maresia, maré, mar. Começo com essa gradação, pra falar de nada. Ou falar de algo. Presa na maresia, naquele velha maré de tédio, numa casinha beira mar. (Daí você inclui o detalhe de que o mar fica na verdade há algumas pistas da minha modesta casa de praia.) Estávamos eu e vovó – aquela velha espertinha e apaixonante que já foi citada como coadjuvante e personagem principal de algumas histórias desse blog - em um domingo natural, desses em que todo mundo vai embora porque tem trabalho na segunda e só sobramos nós, os donos do recinto. Sentadas de frente pra TV enquanto os outros dormiam, ficamos olhando a anfitriã do domingo. Estava passando Sherek e minha vó não parecia tão interessada, somente olhava de relance. Acabou o filme e começou o jogo. Era o Flamengo que iria jogar, e eu não estava nem um pouco a vontade de ver aqueles homens pra cima e pra baixo atrás de uma bola. Troquei de canal. Como o sinal da TV no finzinho do mundo é uma bosta, alem da globo só o SBT pegava bem. Respirei fundo, paciente... E uma surpresa. Surpresa com ponto de seguimento mesmo, caro leitor (a). Estava passando cobertura ao vivo do Salvador Fest. Você não sabe o que é? Vem cá que eu explico, é assim: um bando de brau – brau mesmo, mané – se junta num parque grande da cidade, com direito a muito pagode, camisa colorida sacanagem e kolene no ar. Sim, transmissão ao vivo. Eu não acreditei.
Não sei o que ocorreu que Sir Durval Lelys, vocalista do Asa de Águia – bandinha presente em todas as festinhas dos filhinhos de papai e agregados da cidade – marcou presença no meio da muvuca. Eu achei interessante, intrigante. Parei minha atenção enquanto ele cantava um dos clássicos do carnaval baiano “bota pra ferver”. Essa é uma daquelas músicas chiclete, sabe? E chiclete modificado pelo povo, não conheço uma pessoa que não cante “bota pra foder”. Eu não canto e sem perceber comecei a acompanhar:
- Mas a vida, bota pra foder.
E continuei, só que mais alto:
- BOTA PRA FODER! BOTA PRA FODER!
Minha avó ao lado, balançando as perninhas, largou:
- É ferver.
- Oxe, é foder, minha avó!
- Mas ele ta cantando ferver!
- Você já viu alguém cantando ferver? Não importa o que ele canta.
Silêncio. Riso comprimido. Silêncio.
- Oh, minha avó, mas e a vida? Ela não bota pra foder com a gente?
- Naaaada! Ela bota pra ferver.
- E não fode, vó?
- Só ferve.
- Só ferve? A vida é muito escrota, vó.
- Claro. Se botasse pra foder, eu estaria mal. Eu agradeço a vida, ela sempre foi boa comigo.
- Mas quem disse que foder é ruim?
- E não é?
- Foder pode ser de tipo: Que massa, de lenhar! Ou pode ser de tipo: coisa ruim, to na merda.
- Você tem razão. Ferve e fode.

E tudo o que separa palavras são as suas diversas interpretações.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Maybe I'm amazed....

E eu não preciso dizer nada mais:

domingo, 13 de junho de 2010

A linha tênue, cara Lady Gaga.

Pra início de conversa não é sobre o meu Alejandro, com esse não há problemas de revolucionar. Daqui sairá uma miscelânea de opiniões sobre o assunto, porque eu não tenho apenas uma, mas sim várias. Todo mundo conhece a Lady Gaga, suportando ou não... Tem gente que não entende o sucesso, tem gente que adere ao modismo. Não sei em qual das partes eu estou. Me lembro de ter tido uma resistência enorme no início com relação a isso: puta loira, aprendiz de Madonna, rapa de Britney Spears com cabelo de Cristina Aguilera. Não conseguia dar credibilidade a uma musica como “Poker Face” apesar de repetir sempre o refrão... Fazia tempo que eu não repetia tanto um refrão desde “Bom-chi-bom-chi-bom-bom-bom”, não lembro o nome da música, mas o refrão se resumia a isso. (Meu lado disléxico adora esses fraseados com repetição, é quase como feriado em dia de semana.)
De tanto repetir o refrão, me interessei em conhecer. Me surpreendi, ou não. Não sei ao certo. Só sei que Lady Gaga passou a fazer parte da playlist, quase uma ofença a Lady Ella Fitzgerald que estava na mesma playlist. Tem horas que pensar cansa demais, então a gente abdica de toda a parte ideológica da coisa e parte pro abraço, tira um dia de diarista e faz aquela faxina na casa ao som de Lady Gaga, sonhando que a vassoura seja o Alejandro, o Fernando ou o Roberto. Recuem do lado ambíguo disso, vocês não tem jeito...! O grande dilema relacionando a cantora, pra mim, veio com o clipe de uma das minhas músicas preferidas dela:



Tem quem não goste da música, eu adoro... I Love repetitions! O problema foi o clipe... Existe uma linha tênue que separa o ridículo do revolucionário. Existe uma maldita linhazinha que tornou a composição desse clipe uma gafe musical, visual e, no modo mais abrangente, cultural. Pra começar eu tive vontade de mandar uma caixa de bombons com a seguinte mensagem para a cantora: “Querida, você não é o Michael Jackson!”. Oito minutos e 44 segundos me deixaram so tired, que eu prefiro nem comentar. Tive vontade umas mil vezes de fechar a aba do clipe e ir ver outra coisa... O que me prendeu foi a vontade de ser surpreendida no próximo segundo. Nem isso! Um clipe totalmente previsível e clichê durante oito minutos da minha vida.... Nesse tempo eu devoraria um Cheddar da Mcdonalds sem esforço, você que é gordinho como eu, sabe disso.
Outro ponto importantíssimo: esse negócio de usar terço e se vestir de freira é completamente last week. Hoje em dia ninguém mais respeita a igreja, nem mesmo os membros dela. Acredita-se em Deus, mas a idéia de igreja está afundando lentamente com o passar das gerações. Isso até me dá esperanças que um dia o mundo seja melhor, mais crítico, mas isso é assunto pra outras conversas. No mais, esfrega esfrega em clipe é até bom, mas quando é demais, fica forçado, ultrapassa.Quanto a liberdade de opção sexual, conheço gente que já fez melhor no intuito de revolucionar. Acho muita graça desse conceito glam envolvendo a Lady Gaga. Só pra fechar: achei o clipe um desastre, mas nos meus dias de faxina continuarei ouvindo. Quem mais sofre, é quem pensa demais.

¿Hola, que tal?

Mudando de layout loucamente, mas agora acho que estagnei. Não é mais tão sujo, mas isso aqui nunca será um blog de menininha, estamos combinados? Posts sangrentos virão, por hora eu deixo vocês com um aperto na costela porque o tempo está escasso.

sábado, 5 de junho de 2010

Presságio para a lua.

Em frente ao espelho, penteou os cabelos questionando-se sobre a mágoa que agora carregava dentro de si. Não sabia em que lugar ao certo, se na cabeça, se no coração, se nos pés. Não sabia onde doía estar incompleta, por isso agarrava-se em seus próprios braços, estes não a decepcionariam. O que mais doía era não entender a mágoa. Levantou-se até a janela, farta daquela noite, daquela ligação, daquelas vozes que vinham da sala e da cozinha. Um momento de introspecção para tentar compreender-se. Não conseguiu. Era preciso desfazer os nós para então tecer os fios do seu inconsciente.
A casa, a insegurança, a janela. Preferiu entender a mágoa como um oceano. A tal mágoa era azul, tinha um gosto salgado... Não se via um fim, mas se sabia que do outro haveria terra. Haveria terra ao fundo e ao horizonte, o difícil era entender que até mesmo o naufrágio a levaria a algum lugar. Parecia tão perdida.

Perdida.

Perder-se.

Perdoa-se.

Só acharia o perdão se encontrasse a culpa e ao encontrar a culpa não conseguiu se desfazer dos princípios antigos que faziam com que abdicasse do perdão e abraçasse o vazio. O vácuo. Sem gravidade, optou pelo que na Terra seria gravitacionalmente inverso: agora era seu coração quem exercia peso sobre sua cabeça. Era como caminhar sob a lua.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Queixa.

Hoje eu quero me queixar, mas não sei de quê. Não sei por que me debruçar sobre tanta queixa, por entre as deixas, as brechas da porta. É que eu acordei com uma vontade de queixar ao mundo, talvez não me queixar, mas queixar ao mundo. Pensei em queixar as cores, até me lembrar que elas deformam com o brilho da luz. Alma luminosa não deixa de acompanhar as cores, então que a cor sinta meu relicário abstrato. Pensei em me queixar às flores, bobagem pura. Com o passar do tempo as flores extraídas na condição de pura flor murcham. Sem raiz, sem vida. Logo me veio ao paladar o sabor doce. Irei me queixar aos doces, mas estes azedam. Metamorfoseando um beco sem saída, um lugar escuro, úmido... Onde cores são distorcidas, flores estão murchas e doces já azedaram com o tempo. Maldito tempo! Irei me queixar aos amores, então. O que acontecerá? Adiantei meu calendário para um ano distante. Foi a sensação sufocante de algo grandioso. Não só um rei, mas uma corte inteira em minha barriga em um baile de gala sideral, desviando de meteoros em um compasso fixo. Sem perder o ritmo, a elegância e o encantamento. Vez ou outra tiros de raspão, mas sempre havia o parceiro para continuar a dança. Encantavam-me os rodopios florais, os aromas doces e os movimentos rápidos pintando um arco-íris que coloria agora o céu da minha boca. Ah, irei queixar aos amores! Irei assim amarga, com roupas de dormir, na madrugada vaga me esgueirando entre os corredores, gritando o mundo aos sussurros. Essa é a minha arte de recorrer à única fonte que não perece.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Publicidade de busu.

Esse é um post totalmente leigo. Já tenho um publicitário na família, amigos publicitários e essa definitivamente não é minha vocação espontânea. “E então por que um texto sobre publicidade, Manu?” Foda-se, a porra do blog é minha e eu escrevo o estrume que me der na telha. Não me deu na telha, mas me deu no buzu. Sem duplo sentido, leitor(a) safado(a).
Hoje foi um dia atípico. Pra abrir com chave de ouro esbarrei num alien na entrada do colégio e cinco segundos depois tropecei num paralelepípedo enviado pelo demônio bem na frente do mesmo alien, só pra assumir a carapuça de idiota. Repeti para mim mesma em voz baixa:
- Não é o meu dia, não é o meu dia.
E foi nesse embalo que cheguei ao fim da manhã viva, sabe-se lá como. Cumpri com o resto das minhas obrigações, encontrei Namorado pelos corredores e parti pra casa. São dois ônibus pra chegar na minha favela, ou sair da favela onde eu estou. Ainda não descobri isso. O fato é que tomei o primeiro ônibus, um cobrador gentil, uma viagem tranqüila até a 7 portas. Fiquei tão presa nos meus devaneios que só consegui lembrar que ali era a 7 portas depois de ver uma placa bem grande “HORT-FRUIT 7 PORTAS”. Bang! Saltei, atravessei a rua e esperei caladinha o meu ônibus passar. Uma senhora mirradinha, com uma toalhinha amarela na mão que aparava a tosse meio cansada começou a falar do meu lado:
- É, mas no barbalho passava de cinco em cinco minutos!
E eu balançando minha cabeça positivamente, educadamente apática até perceber que na verdade ela comentava com uma coroa de meia idade um pouco acabada pelo tempo e logo percebi que entre as duas havia alguma ligação. Amigas de bingo, mãe e filha, tia e sobrinha, não importava. Só o fato de que na verdade eu não tinha sido importunada, me fez ver a senhorinha com outros olhos. E então minha mente doentia, tomada pelo transtorno obsessivo compulsivo (manias de segurança, de simetria e todo o resto) me fez perguntar a tal senhorinha:
- Olá! A senhora sabe me dizer se aqui passa ônibus para paralela?
Eu sabia que passava ônibus para a paralela, mas eu quis me certificar pela milésima vez. É como trancar uma porta 2 vezes e voltar pra ver se ela está aberta. É, eu faço isso. Durante a conversa passou um Marback que vem direto pra o Imbuí – meu bairro – mas eu só percebi depois que o ônibus tinha passado. No final das contas peguei meu ônibus para a paralela. Perguntei no ônibus só para me certificar:
- Moço, esse ônibus passa pela paralela?
E o cobrador me olhou com uma cara de cu enrugado, balançando a cabeça. Também não falei mais. Entrei em transe observando os no máximo 30 metros que separavam o ônibus do próximo ponto. E para minha surpresa entra um amigo que não vejo há quase um ano, mas que é queridíssimo, cujo defeito maior é ser palmeirense. Quem agüenta? Me entra ele porta adentro do ônibus com aquela camisa verde fluorescente do Palmeiras, larguei do banco onde eu estava mesmo:
- Mas Palmeirense é uma raça ruim! Até no ônibus essas pestes surgem do além.
Ele riu, sentou num banco atrás de mim e ficamos papeando sobre futebol, sobre as coisas novas em nossas vidas, sobre o fato esquizofrênico de que ele agora joga futebol Americano - é muita vontade de apanhar – e tudo mais. Passando ali pela estação do Iguatemi vem o susto. Entra um broder seco e risonho na pegada do psicopata com uma H2OH na mão.
- Olhaaaaaaaaa! – Gugu feelings. – Essa não é água! É verde, mas é H2OH.
E eu com meus botões pensando na redundância brilhante do carinha que logo me arrancou uma gargalhada do fundo do rim. A figura era piada da cabeça aos pés. Sabiamente ele observou as pessoas no ônibus e veio logo brincar com o broder da camisa verde, o palmeirense, vulgo Mateus.
- E você aí, Framenguista?
- Flamenguista? Porra, sacaneou, viu? – Não deixei barato.
- Porra de flamenguista, rapaz. – Risos compulsivos – Sou flamenguista não!
E o cara da H2OH continuou observando, entupindo quieto a garrafinha gelada queimando a pele.
- O que é raposa? Vai comprar não, raposa? – E o vendedor risonho prosseguiu na tentativa frustrada de vender sua água e descobrir pra que time Mateus torcia.
- Porra de raposa, rapaz. Ta maluco, é? – Perguntou Mateus ainda numa vibe de muitos risos.
Essa era a pergunta que não poderia ser feita. Mas o maluco era bem compreensivo.
- Eu sou Palmeirense... – Complementou o broder malandragem.
- Oxe, é palmeirense! Por isso vai compra comigo... Se Palmeiras é verde, Palmeiras é muito... – As reticências foram algo bem “professor-aluno”, quando o professor espera que o aluno complemente a resposta. O silêncio se estabeleceu e o maluco se voltou pra mim, só tive oportunidade de balbuciar as primeiras palavras que me vieram à mente:
- É muito bom!
- Que nada... É muito esperança! Tudo isso aí é muito esperança!
Estão lendo? Tudo, tudo é muito esperança. E o resto é resto. E então o cara se despediu com um amigável aperto de mão quando percebeu que daquele mato não saia coelho. Eu sinceramente tive vontade de comprar a aguinha do cara, não por dó, mas pela elaboração genial do discurso impensado. Quer dizer, ele entrou, observou o seu público, direcionou o seu foco para quem tinha alguma afinidade com o seu produto – no caso a cor da camisa – e a partir daí despejou argumentos, conversas pra persuadir seu público. Esse cara no auge da sua ignorância soube fazer algo humano. Se eu fosse publicitária, trataria de dar umas voltas de ônibus por Salvador. Propaganda sem a parte humana? Essa, meu amigo... É só mais um folheto empilhado na lixeira.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ternura.


(Esse é um gatinho do IFBA que fica caminhando solitário e tem sido meu grande companheiro de conversas retóricas. Ele foi a inspiração.)


- Porque te apegastes tão fácil?
- Não sei. Não pude evitar não me render aos olhos tenros me fitando por entre as brechas das cadeiras. Não pude evitar o bombear mais rápido de sangue ao meu corpo quando o segurei e ele fez de minhas mãos abrigo. Não é todo dia que alguém sabe fazer do outro a sua própria casa. Temos andado trancafiados em nossos próprios devaneios idealizando coisas ideais e esquecendo do descompassado que nos envolve. Não sei. Não é sempre que alguém tira um minuto do dia pra me acariciar suavemente com o as patinhas, com as mãozinhas, com os olhinhos. Anda faltando ternura. Eu seria capaz de doar parte de mim pela ternura alheia, como um bem necessário ao meu ser.
- Você viaja. É só um animal.
- Foram só 5 minutos de solidão em que não me senti sozinha. Sem palavras, sem alarmes sem surpresas. O desenrolar calmo de uma serenata orquestrada por ternura. Nada mais que ternura. O embalo de carícias mútuas sem exigir nada em troca.
- E?
- Dei meu amor a um gato. Daria meu amor a você.

Antes eles do que eu!

Um dos piores dilemas do ser humano é ser corno. E digo mais, uma das maiores infelicidades do ser humano é ser corno manso. Essa não é uma questão que está ligada apenas aos relacionamentos afetivos e eu começo citando esse viés da vida humana, porque esse domingo eu vi a personificação dos cornos mansos: os torcedores do Bahia. Acredite que eu também torço pra essa merda, já comprei até uma passadeira de chifres pra desfilar pomposa por aí. O mais engraçado do Bahia é que porque ele foi alguma coisa um dia, em tempos faraônicos, os torcedores acreditam que no futuro o estrume virará adubo. Eu acredito. Tomei no cu por isso. Mas vou contar que eu já avancei de estágio, pulei pra fase do corno que bate na mulher, no primeiro gol perdido virei minhas costas pro televisor e cochilei. Meu orifício anal pra esses filho da putinhas, porra! Essa é a parte da indignação do corno. Você pula ela, está bem? O caso é que de toda parte minha indignação não é com o Bahia. De tanto me foder em um estado só, eu comecei a torcer pra um time em cada estado brasileiro, sabe? Só pra ter opção. Não, não cheguei ao Acre ainda. Inclusão digital tem limite.
A minha grande paixão, na verdade, é o Corinthians que passou longe de ser campeão do Paulistão. Duas decepções é demais pro meu pobre coração entupido de gordura trans. Mas como diz a Lei de Murphy todo ser humano tem potencial pra se foder em alta e se foder da pior maneira possível. E foi enquanto estava deitada em profunda análise do meu azar nas escolhas dos times de futebol que me lembrei de tio Murphy e logo veio a cabeça um episódio clássico da minha vida.
Era um domingo. Final de campeonato baiano e, também, dia das mães. Pra você que não é baiano, ta por fora. Acontece que final de campeonato baiano é sagrado e nessa época era mais sagrado ainda, já que o Vitória só tomava paulada do Bahia. E o Bahia tem uma torcida tão grande quanto a quantidade de filhos que Bob Marley deixou nesse mundão de Deus. Dia de clássico, num típico domingão em família. A patuléia toda unida na casa de praia, ungida por um churrasco esperto, TV na varanda da casa, tudo muito lindo, tudo muito bem. Eu, piveta, de biquininho correndo por todos os cantos da casa, numa euforia imensa.
O instinto de tribo do ser humano é uma coisa impressionante. Tinha uma pá de meninas na casa de uma vizinha no condomínio e é aí que o perigo começa. Eu, uma criança inocente e desprovida de malícia quis me enturmar. Havia meninas cotoquinhas, como eu, mas eu queria andar com as girafinhas. Maldito instinto animal! As meninas decidiram ir ao clube, nessa época não havia piscina na casa e então era uma febre epidêmica de fogo no rabo pra ir nesse tal desse clube. Meu pai colocou a mão na cabeça e profetizou:
- Cuidado com a piscina! Seja cuidadosa.
Eu escutei, mas sabe como é criança pequena. Palavra vira caquinha na hora do vuco vuco. E então partimos felizes e saltitantes rumo ao clube. Chegando lá tudo só melhorou, altos pulos na piscina, brincadeiras e tudo parecia festa. Até que uma das meninas teve a brilhante idéia de caminhar pela borda da piscina brincando de bailarina equilibrista. Bailarina equilibrista de cu é rola, rapá. Qualquer pessoa em sã consciência sabia que aquilo ia dar um fuá imenso, digno de manchete policial. Mas eu era apenas uma criancinha, guiada por instinto. Em resumo: burra pra cacete.
As meninas grandes, desenvolvidas e com alguma coordenação motora passaram pelo desafio. Mas sabe como é, desde essa época eu já era uma Lontra desajeitada, mas meu ego e minha vontade babaca de ter alguma aceitação no grupinho me fez repetir o ato. Resultado? Escorreguei, bati meu joelho na borda da piscina e no maior mode matrix caí dentro da água. Oh, the blood. Era sangue pra todo lado. Por sorte havia uma vizinha no clube que estancou o talho imenso e me levou carregada para casa. Minha mãe só faltou desmaiar, meu pai foi mais frio. Me secou, me vestiu com o uniforme do Bahia completo, e partiu em disparada ao posto de saúde mais próximo de Guarajuba. Minha tia no fundo do carro tentava me consolar, mas era tanta dor que já havia anestesiado. O que doeu foi a porra da anestesia local. Aquilo não é de Deus não. Injeta, costura, sangue; minha mãe tendo queda de pressão. Saldo do domingo: quatro pontos no joelho, um presentão de dia das mães e o Bahia foi campeão baiano. Malandragem, analisando os fatos atuais e comparando com o passado eu chego a conclusão de que, antes eles do que eu. Pode perder mais um campeonato baiano, Bahia. Não quero ter uma crise de apêndice na próxima final.

sábado, 10 de abril de 2010

Sobre as pessoas e os livros.

Gosto de abrir livro antigo, do cheiro, do mofo. Cheiro de história impregnada em páginas com letras apagadas. Cheiro de papel vencido do século passado. E de pensar que somos livro antigo, fechado. Livro imerso numa vontade infeliz de ser aberto, de ter suas páginas acariciadas pelos dedos novos, com a ânsia de uma nova história a ser escrita. Aquela vontade de suavemente oscilar entre cada espaço como num folhear delicado, se debruçando contra o vento e se pondo ao fim de uma página e o início de outra. Por mais trancafiados em nossos próprios devaneios, nós na condição de livro, queremos ser lidos, estudados e questionados com o carinho em que se leva ao seio esquerdo um Baudelaire, uma Lispector. E enquanto um livro dá em troca o seu conhecimento, damos em troca o nosso afeto. A-F-E-T-O é palavra. E a palavra ainda há de ser um bem tão precioso quanto medieval. Ainda há de ser o presente do amor ao amanhecer e o carinho da despedida. Ah, a palavra: somos livros, somos feitos de palavras e de todos os valores inerentes a elas. E ainda que se viva sozinho conhecendo as palavras e precisando de apenas um punho para escrevê-las, é preciso de outras almas para dar-lhes sentido, é preciso de outros dedos afagando a página velha e dando vida a uma palavra que aprendi assim que adentrei a vida: emoção. Saber do “a”, do “m”, do “o” e do “r” é matéria fácil. Difícil mesmo é juntar as letras e saber do “amor”. Aprendi com as sopas de letrinha; cuidado de mãe. Aprendi com as mãos já calejadas; carinho de pai. Aprendi com o beijo sem pressa medida; afago da paixão. E ainda que no mundo fosse só, inventaria outras mãos para dar razão aos motivos de hoje. Preciso de papel, caneta e de mais alguém ansiando pela escrita de um novo capítulo. Alguém que leu minha história de ontem, segurou meus punhos hoje e ajudará na escrita do amanhã.

Explicações sem teor algum.

É o seguinte: a coisa andou complicada, andou embaraçada. Nem activia resolveu.

Agora tudo está nos trilhos novamente e eu estou voltando a postar aqui. Não foi descaso,abandono... Ninguém morreu. É que quando o treco atola, não tem santo que faça desatolar. Na verdade até tem, o difícil é orar pro santo certo. Deveriam fazer um catálogo com a função de cada divindade, pra facilitar a vida dos hereges como eu. No mais, eu voltei, mamãe.

Aguardem os próximos posts cheios de carinho e nem um pouco de racionalidade. Mantendo a linha de "não ter linha" neste lixo de blog.

Beijos e queijos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Desabafo.

É um erro não desejar ser ornamental? Estagnar é que eu não quero. Não quero ver as luzes se apagarem e se acenderem, as buzinas cessarem e voltarem ao seu trabalho ensandecido de ensandecer o que há de vivo. Não quero ver as pessoas desembarcando e embarcando, quando sei que posso embarcar. Quando sei que a primeira luz a se acender na cidade pode ser a minha. Não quero ser colossal, imperial, ornamental. É o meu direito de jogar com as cartas que tenho, de bater com uma trinca na vida e não blefar. Cansei de blefes, interesses. Cansei da palavra que se esvai por hora após ser anunciada pela voz rouca e segura, que aparentemente sabe o que diz. Cansei dos tapinhas nas costas, dos sorrisinhos de canto de boca. Por isso abro meu peito e o deixo em carne viva; quem vê meu sangue sabe que é digno da minha possível confiança e da desistência das minhas carícias. Um joguete de possibilidades, na verdade. Aprendi chorando que é bom mesmo chorar. Aprendi sorrindo que é bom mesmo sorrir. Aprendi aprendendo que é bom mesmo aprender. É bom mesmo sangrar, expor a ferida interna e assim dar os méritos expostos. O mérito de quem lhe sorri e o mérito de quem lhe apunha-la. Prossigo a sangrar. Pode ouvir? Os pingos latentes no mármore velho, mármore frio. Frieza da qual estou isenta, por motivos de ventilador. Prossigo a sangrar, prossigo a viver.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quando o sapo perde, a rã ganha.


Quem me conhece e lê isso aqui, sabe da minha dupla personalidade. Aqui essa pessoa corajosa, desbravadora de mares que manda todo mundo se foder e ralar a bunda no asfalto. Lá, no mundo real, uma cagona, insegura... E ainda assim cheia de segurança. Mas as disparidades ficam bem claras em momentos como o que vou descrever, dissertar e relatar agora. Era uma bela noite em Guarajuba, mais uma dessas noites em que a lua parece um sol radiante, iluminando toda a varanda. Depois daquele banho de piscina esperto, todo mundo foi dormir. Menos eu. Tomei meu banho, me agasalhei, fui na cozinha e catei aquele pão com queijo cheddar e refrigerante e fui me sentar na sala. Sabe trauma de gordinha como é né? Liguei a TV e acabei me deitando, ainda comendo. Me virando pra não derramar um litro de refrigerante na cara e morrer afogada. O que seria trágico. Sempre pensei em morrer de uma forma heróica, salvando alguém, um animal, uma vaca atolada no brejo. Ou então morrer de morte morrida, dormindo. Não seria heróico, mas também não seria trágico. Mas voltando a minha gordice no sofá, me deitei, pluguei naquele velho filminho da globo, porque em Guarajuba não tem TV a cabo. Sim, gente... É uma casa de praia. Mas meu codinome preferido pra Guarajuba, é casa-de-selva. Deitada e muito empolgada com o filme, me distraí. Fiz aquela velha pose de jogar as pernas pra cima da cabeceira do sofá e esticar a coluna, que sofre diariamente carregando minhas toneladas. Então o silêncio pairou e de repente veio um flashback em minha mente. O flashback era meu tio Ricarte, que mais cedo havia me falado:
- Manu, você não vai acreditar.
- Diga, meu tio.
- Tinha uma rã na entradinha da pia! Pequenininha.
- Argh. Nossa, que nojo.
- Ela tava me olhando e ainda está lá.
Montei na minha cabeça então, a mesma imagem que montei mais cedo. Uma rã pequena, compreensiva, observando meu tio escovar os dentes, lavar a mão... O que quer que ele tenha feito. Então tripliquei o tamanho da rã na minha cabeça e fiz um Godzilla mental. De repente eu ouço um “croch, pow!”. Dizem que quando você pisa em uma mina, é algo inesquecível – os que sobraram pra contar história, claro. O clique é como um atestado de óbito que lhe tira toda a capacidade de raciocinar algo lógico que possa solucionar o caso. Foi assim que aconteceu comigo e antes que eu pudesse averiguar de onde emanava o barulho uma coisa pequena, pegajosa e molhada pulou em uma das minhas coxas. Mentes permissivas podem imaginar mil coisas nesse momento, mas era somente uma rã pequena. A Manuella que escreve nesse blog pegaria a rã com a mão, olharia nos olhinhos dela, soltaria uns três xingamentos em voz alta, mandaria a pequena se foder nessa porra e jogaria a pobre rã na puta que pariu. Mas a Manuella que vive fora daqui ficou histérica. Foi como entrar no filme. Era tenso imaginar o Godzilla destruindo prédios em um filme, mas ter o Godzilla quase no meio de suas pernas balbuciando um amigável “oi” é aterrorizante. Nesses poucos segundos, só lembrei de gritar. E gritei. Gritei por tempo suficiente pra lembrar que estavam todos dormindo. Então levei minha mão até a boca, sufocando o grito e não cessei. Saí correndo pela casa até encontrar o quarto onde minha avó estava dormindo. Vale ressaltar que no caminho me bati na mesa de centro, na mesa de jantar, nas paredes, numa cômoda gigante e finalmente na porta do quarto de minha avó. Então comecei o agouro desesperado e baixinho, tentando acordar ela:
- Vó... Ô, Vó!
- hlhlqfbqlfegwqlefgb – Lê-se algo inteligível. Grata.
- Vô... A rã! – Soluçando loucamente – A rã! Ela pulou na minha perna!
- O que é, Manuella?
- Vó, a rã pulou em cima de mim. Vai lá desligar as coisas na sala, porque lá eu não volto.
- E as coisas da sala? Quem vai desligar?
- Já disse que é a senhora, minha vó.
- Meu Deus do céu! Uma menina desse tamanho, só tem tamanho pra comer. Abestalhada. Um rãzinha de nada... Me acordar por isso? Eu mereço.
E minha vó continuou falando. Na minha reação pós alívio não consegui escutar mais nada do que minha avó havia dito e então fui para o banheiro no quarto olhar meu rosto no espelho, me acalmando. Numa reação de reflexo levei minha perna até a pia e comecei a jogar água desesperadamente cogitando a hipótese da rã ser venenosa e eu ter minha segunda possibilidade de morte na noite, morte por envenenamento. É óbvio e notório pra você, claro leitor, que se houvesse alguma porra de veneno eu iria aparecer no Animal Planet por descobrir que veneno de rã se cura com água. Depois de uns 5 segundos repetindo o ato eu cai em mim, acho que o lado racional me chamou e então minha vó voltou pro quarto sorrindo. Sorrindo e me intrigando e de repente falou:
- Mas é uma besta.
- Ah, minha avó. Ela pulou na minha perna.
- Mas venha cá... Quando o sapo perde, a rã faz o quê?
- Ganha.
- Quando o sapo perde...
- A rã ganha.
Bocejei e não dei muita importância, mas minha avó continuou rindo maleficamente enquanto debandava para o quarto. O sono, o frio, o medo que se apossaram de mim só me permitiram me cagar de medo em um lugar quente: minha cama. Fui dormir e no outro dia dei espaço pra que minha mente vagasse pela noite de terror com a pequena rã. Todo mundo rindo da minha cara, piadinhas do tipo “seu príncipe virou rã?” e tudo mais. Mas uma piada em si me intrigava, a de minha avó. Eu tinha escutado, mas não entendido. Isso deu vazão pra que eu voltasse ao assunto enquanto preparava meu café da manhã na cozinha:
- Oh, anjinha – É assim que eu chamo minha avó quando não estou em meus momentos escalafobéticos com rãs em minha perna. – Que negócio é esse do sapo perder?
- É fácil. Quando o sapo perde...
- A rã ganha. A rã ganhou e aí?
- A rã ganha, a rã ganha... Arreganha. Rã ganha.
- Piadista.
Moral da história: Manuella Logrado, o alien que escreve nesta merda de blog é um bicho medroso e desengonçado. E ainda por cima lerdo, daqueles que leva um dia pra entender um trocadilho sagaz da vovó. Aí você me pergunta: e daí, manu? E daí que você tem motivos pra não a rã ganhar a perna na madruga boladona e se entupindo de comida em qualquer lugar que tenha mato por perto. Aprendeu?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Se me estica, esconde.



Deixo vocês com essa obra prima, enquanto passo por mais uma crise de preguiça. Não viciem e qualquer coisa liguem: (0xx)9999-GOLD. Beijos e queijos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

50 again. Apenas um registro.

Dia 16 de janeiro. Faz três anos que meu pai completou 50 anos nesse dia. E hoje, três anos depois, ele continua falando que está completando 50 anos. Segundo ele é um meio de alongar esse meio tempo da vida. Esse não é um post de grande esclarecimento e resolução. É só pra registrar que meu pai fez 50 anos e eu estou feliz. Muito feliz. Por que eu já pedi certa vez:
- Pai, quero que você viva até os 150 anos!
Acho que ele de alguma forma, quer cumprir a promessa. Eu sei que meu pai não é eterno. Que eu não serei eterna. Mas prossigo acreditando que o amor que sentimos um pelo outro é imortal. Então que ele viva, mais dez anos... Ou um ano. A lenda é viva dentro do meu coração. A minha forma de agradecer ao cara que foi de todas as formas o contribuinte direto para o que sou hoje, é vomitando algumas palavrinhas. Engolindo outras por conta da emoção. Dias como o de hoje são especiais não pelo título de aniversário e sim pelas pessoas que fazem o momento. Por meu pai sorrindo cintilante enquanto via seus amigos reunidos. Amigos que de fato, queriam seu bem. Pelas pessoas que eu gosto reunidas... E principalmente pelo fato de estarmos todos em sintonia.
Um post pra registrar, pra lembrar que por algum motivo o dia de hoje foi bacana, especial. Mas outros virão. E eu quero mesmo que venham. Desculpem pela falta de cronologia, pela desorganização. Como eu já disse: isso é só um registro. Um registro pra lembrar que todo o dia é dia pra lembrar e cuidar de quem você gosta. Não espere um aniversário, ou uma data especial. Parabéns, meu pai. Aguardo ansiosamente pelo próximo aniversário de 50 anos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O grande irmão do Brasil.


Como dar importância ao BB10? Bom, essa é a resposta que milhões de pessoas vão dar baseado no seguinte pressuposto: invadiu meu âmbito. E deixo logo aqui os meus parabéns ao filho da puta do Boninho que conseguiu resgatar das profundezas um programa completamente last week. Porque ontem à noite a maioria da hype society da internet ligou sua TV e se alienou um pouco na Globo. A rede que é alvo de tantas críticas, foi aclamada de forma indireta. Pouca gente se deu conta disso. A história desse BBB começa quando o site ego anunciou a Tessália como a mais nova participante. Não sabe o que isso significa?

Pluct. Plact. Zum! O maior furdunço no twitter.

O motivo? Simples. Ela com seus scripts estava no auge do seus 114 mil (e lá vai a caralhada) followers, isso sim é motivo pra polêmica. Não irei analisar os meios, pois isso dá pano pra manga e assunto pra outros posts, mas a menina conseguiu a sua posição no twitter. E o que eu vi de gente recalcada, com dor de dente e câncer no ânus, não foi brincadeira. Inveja mata, peraltinha! Afinal, não sou eu, nem você, nem aquele dali que criticou que irá faturar um milhão e meio. Cifra pequena, não? Mas voltando a divagar sobre o mode hype desse Big Brother, a outra surpresa teve nome: Sergio, vulgo Sr. Orgastic. Celebridade emo da internet tem um dos fotologs mais acessados do país. Eu não faço parte dos números que compõe essa estatística, como já disse antes... Repugno plástico. Ele é livre pra ter o estilo que quiser, e as pessoas são livres pra endeusar. Mas na minha cabeça, talvez pequena, é tudo uma grande patacoada. Ser original não é colocar um franjão, ter uma beleza cansada e gritar para o mundo distribuindo purpurina sobre seu homossexualismo. Conheço gente que com bem menos firula, nenhuma fama e muito mais veracidade representa a classe. Sem exageros.

E por fim, temos a última surpresa via internet: a drag Queen Dicesar. Nada contra, acho o trabalho maravilhoso e o encaro como um artista. Mas a grande questão é aonde esse big brother quer chegar? Certamente nos picos de audiência.

Então o tempo passa, os comentários se sucedem sobre a criação de um novo mode no programa. As pessoas comentam, outras apontam o dedo. Eu prefiro observar até dar alguma tacada, como uma habilidosa jogadora de sinuca pronta pra encaçapar as bolas. Perdoem-me o veneno, está escorrendo nesse momento. Finalmente chega a terça-feira e para a surpresa de todos: a coisa é mais feia do que parece.

Começam a desfilar os trios através da voz de Pedro Bial, e eu me senti em um verdadeiro desfile de carnaval. Tinha de tudo o que se pode fantasiar! Tudo! Mulheres exageradamente gostosas, no estilo my humps. Homens sarados, e um Deus grego para muitas pessoas. Três pessoas simbolizando o arco íris no céu do Brasil. Uma gama de três pseudo-cults com síndrome de filtro solar pra debater com o Bial, enquanto metade da população brasileira alienada àquilo entoa em coro: WHAT? Tem também o clube das piranhas, o clube dos festeiros. Eu vi de tudo, menos gente genuinamente brasileira, emparelhando com a realidade do país. Todos eles são pessoas com algum atributo físico, até mesmo a doutora em lingüística que se disse acima do peso, na minha terra, dava um caldo.

O grande irmão do Brasil então veste roupas de grife, se fantasia com polêmicas, é arrojado e descolado. Meio contraditório tendo em vista a sociedade brasileira no patamar atual. Por que não chamaram a Beri Ló pro BBB? Ela é uma moça que canta no interior daqui da Bahia e mandou uma fita pra ver o que acontecia. Como disse sabiamente Namorado: é um jogo de cartas marcadas. E cada ano Boninho tem uma formula diferente pra fazer a receita supostamente dar certo, mas esse ano ele abriu as pernas e escancarou o vintém. Deixou claro que é pela audiência. E eu não dou muito tempo pra rolar de tudo lá dentro. Nunca achei que o BBB precisava ser um retrato da sociedade. Mas esperava mais potencial em mascarar os fantoches dentro da casa mais vigiada do Brasil. Aguardo pelos barracos, amassos bissexuais e pela Twittess (Tessália) saindo do padrão twitter com suas sucintas 140 letrinhas. Isso é tão excitante. E lembrem-se sempre: usem filtro solar.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O primeiro post de 2010.

Um post com cheirinho de praia. Estou escrevendo diretamente do exílio litorâneo, sem lenço e sem documento. Na verdade aparentemente um paraíso, né? Praia, piscina, casa, cachorro... Natureza! Acho que esse é o principal ponto que faz de Guarajuba um desses lugares especiais, que as pessoas querem conhecer, retornar... Acho que é isso que faz daqui o lugar preferido de meu pai no mundo. Ele poderia ir pra Paris, London, conhecer as Ilhas Gregas. Mas Guarajuba continuaria sendo o seu xodó; é uma mistura de infinito particular, com projeção de sonhos e contato. Aqui ele tem a filha adolescente - a peraltinha que vos fala - bem perto dele, tem a natureza, a paz do verde. Eu, particularmente, adoro esse lugar. Adoro a forma que tenho mais contato com meu pai, adoro a casa, a natureza... Mas como disse, aqui é o meu exílio. Não no sentido pejorativo da coisa. Esse lugar me faz refletir mesmo. Qualquer momento deitada na rede é motivo pra uma busca introspectiva e sem explicação. Daí eu me pego fazendo análises sobre a minha vida, meus relacionamentos, mas o que martela principalmente na minha cabeça é esse treco sobre rumos. Ainda não defini bem, mas há um ano atrás eu estava sentada no mesmo lugar, gastando meu tempo com msn, ao invés de estar brigando com palavras mal colocadas em um bloco de notas. Eu estava com outras preocupações e outras limitações. E que peso um ano teve na minha vida. Pensava em como resolver outros problemas, em como calar outras ambições... E hoje a maior ambição que tenho é desbravar de forma triunfante os próximos anos baseado nas escolhas que tomei por agora, nas pessoas que acolhi por agora. Mas novamente, o peso de um ano me assusta. Me sinto tão acanhada e preocupada, por um ano ser tão extremista. Ser muito tempo, e ao mesmo tempo, pouco tempo. Ser bom e ao mesmo tempo ser ruim. Há um ano atrás meu irmão não estava noivo (parabéns a Carla que conseguiu laçar e amansar o elefante alfa da manada, espadaúdo... Vulgo Jojó da Babá), minha irmã não tinha um vira-lata que se transformou em um dinossauro. Há um ano atrás eu não queria matar e amar uma certa pessoa, tão simultaneamente. O peso de um ano não pode ser medido em uma balança. É tão irregular. Meu irmão uma vez me disse, numa dessas conversas rápidas de corredor de colégio me dando pílulas de sabedoria, que o futuro chegaria. Eu não precisava ansiar, ele chegaria de qualquer jeito. Mas sim, caros leitores, eu ainda tento manipular. Ainda tento manipular o futuro, condenar o passado, mas estou cada vez mais abrindo as mãos, os braços e quiçá as pernas no presente. (Sem ambigüidade porque o assunto é sério.) Arrematar a vida no peito e chutar com força pro gol: esse é o segredo. Nada diferente do clichê já visto, aposto que já leram uns 500 textos falando sobre como é importante viver a vida, não se importar com as coisas pequenas... Mas eu te digo, malandragem, no auge da minha pouca idade e da minha pouca vivência que não dá pra viver sem se importar com as coisas pequenas. Isso não é um atestado de mesquinhez. É um atestado de viver com uma das coisas mais essenciais: o amor. Como não ligar pra sua namorada que quer ir pra uma festa de verão em Salvador - lê-se: festa em que os homens estão no cio - se você a ama? Como não ligar pra uma resposta mal dada, uma feição mal encarada de alguém que você curte? Como não ligar se sua filha quer meter os pés pelas mãos, vez ou outra? Eu ligo para as coisas pequenas e vivo. Vivo bem. Vivo com paixão. Por isso se importe mesmo. Harmonia plena é utopia, sempre será. Não haverá relacionamento sem conflitos, sem erros. Mas não se pode deixar de valorizar o acertos e reverenciar os esforços. Cada gota de suor é como um pouco de amor exalado homeopaticamente. Cada cessão, cada conquista é uma prova diária de que o fator gostar se faz presente. Um ano se passou, pois é. E hoje no dia 10 de janeiro, fiz o meu primeiro post do ano de 2010. Vou confessar que foi a mais pura coincidência. Mas é isso que eu espero para esse ano: mais valor para as tais gotas de suor. Mais doses de uma harmonia conflituosa, que me pegue pelos cabelos e me acorde. Mais viradas na minha vida, pra que no ano que vem eu possa novamente contabilizar essas metamorfoses que ocorreram. Pra que eu possa contabilizar quantas vezes virei borboleta e voei para perto das coisas que almejei.