terça-feira, 18 de outubro de 2011

As marcas do meu conserto desconcertado.

Essa sinfonia muda que abrandou meus pensamentos nessa noite, um grito histérico sem voz, uma história sem palavras ou personagens... Apenas o vazio de um eu preenchendo lentamente o seu. Hematomas pelos braços em meio ao caos dos violinos que ligeiramente evocam uma dor guardada com uma estranha euforia que até mesmo desconhecia: a alegria manchada de dor. O graves baixos, marcando uma tal segurança que antes não tinha, ou apenas se escondia por entre minhas vestes estranhas, aquele corpo estranho que não era meu. Tudo desconcertado nesse concerto em que a sinfonia nem era minha, o maestro não era eu, os músicos eram conhecidos de algum lugar de promessas e tenebroso sol, lugar que eu mesma desconhecia. A música descompassada atravessava minhas artérias, tomava conta dos pensamentos que outrora eram meus. Essa sinfonia estranha guiou minha alma pra um buraco distante do meu corpo e os pés que tocavam o chão, as mãos que afagavam aquele cabelo, não eram minhas, eram desse alguém que se desvirtuou na batida de um violoncelo violado pelas mãos de outra pessoa. E quando o conjunto se calou, percebi a hora do meu solo... Voei por entre os instrumentos e além, alcancei o céu na noite, afaguei as estrelas... E no meio daquele som desconcertado de um concerto mal ensaiado fui imprimindo meu tom único proveniente das batidas de um coração agora acalmado pela razão de existir.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Uma nota sobre o Desdém.

Essa pequena coisa, inútil coisa que aflige os corações, o corpo, a alma. Uma doença degenerativa que vai secando tudo, até que a ultima flor em um jardim murche, até que a última palavra molhada seque. Esse pequeno grande monstro chamado desdém que se apossa de um coração que outrora foi gentil, que transforma em sombras os campos ensolarados por onde passa. E o que começou? Porque começou? Com o que começou? Antes era promessa, hoje já é pó que voa cada vez mais longe em um horizonte tão extenso que meus olhos pequenos não conseguem alcançar. Tua força tem essa capacidade? De desfazer as palavras, de trazer a tona o lado ruim das pessoas? Oh, Desdém eu nem sei porque, mas desde que vi tua face pela primeira vez, aprendi a não me espantar mais. E armo bem com meus planos o dia em que irei te dilacerar em carne viva, arrancar todos os seus membros até todo o mal se esvair. A ferida aberta em meu coração só pode ser estancada com o sangue teu, maldito Desdém.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A cachola do poeta sem cabeça.

Destranca mil idéias em uma noite escura, abre a vaga caixa e expande em mel e luz o que antes era escuridão. Doce néctar das palavras escritas que afagam os dedos do pensador. Sem ter seus pés nas esquinas, seus olhos na lua, ou sua experiência catalogada em um imenso livro empoeirado, toca as notas alfabéticas do que nunca viveu. Fala do amor sem ter amado, conta da tristeza aos risos. Fala até de feridas, mas está cicatrizado. É a chave pro mundo imaginário, seu catalogo de emoções em uma explosão digna de Hiroshima. Pega a dor e a tristeza e cria angustia, soma a tristeza ao amor e cria a dúvida, traça dois discursos e cria o dúbio, alimenta o abismo. Sem ânsia, sem medo, sem dor. É a arte de fingir sentir. Se tiver medo? Os pássaros, cometas e pipas em sua cabeça são fadados as gaiolas, a escuridão das galáxias, as redes de eletricidade exposta...
O medo é o inimigo do poeta, é o catalisador do fim da poesia cotidiana. Tranca-se a vaidosa imaginação vestida em frevo e tango, lacra-se o além e o algo mais. Usurpa-se a liberdade dos versículos e das rimas e trancado na mesma noite escura, é apenas ele, a escuridão e o brilho gasto da lâmpada incandescente. E então o poeta que um dia foi poeta, não passará de uma lenda popular presa no sombrio imaginário infantil, trancafiado em suas próprias inseguranças, procurando alento na esperança do que já construiu.

P.s. : Textinho de merda, eu bem sei. Mas como faz tempo que não largo uma isquinha pros meus tubarões famintos, ai está. Deliciem-se. Nem só de maravilhas vive o homem. Beij.... Beijo é o caralho, fodam-se todos. Obrigada.

Com amor, mamãe.