quinta-feira, 10 de março de 2011

A cachola do poeta sem cabeça.

Destranca mil idéias em uma noite escura, abre a vaga caixa e expande em mel e luz o que antes era escuridão. Doce néctar das palavras escritas que afagam os dedos do pensador. Sem ter seus pés nas esquinas, seus olhos na lua, ou sua experiência catalogada em um imenso livro empoeirado, toca as notas alfabéticas do que nunca viveu. Fala do amor sem ter amado, conta da tristeza aos risos. Fala até de feridas, mas está cicatrizado. É a chave pro mundo imaginário, seu catalogo de emoções em uma explosão digna de Hiroshima. Pega a dor e a tristeza e cria angustia, soma a tristeza ao amor e cria a dúvida, traça dois discursos e cria o dúbio, alimenta o abismo. Sem ânsia, sem medo, sem dor. É a arte de fingir sentir. Se tiver medo? Os pássaros, cometas e pipas em sua cabeça são fadados as gaiolas, a escuridão das galáxias, as redes de eletricidade exposta...
O medo é o inimigo do poeta, é o catalisador do fim da poesia cotidiana. Tranca-se a vaidosa imaginação vestida em frevo e tango, lacra-se o além e o algo mais. Usurpa-se a liberdade dos versículos e das rimas e trancado na mesma noite escura, é apenas ele, a escuridão e o brilho gasto da lâmpada incandescente. E então o poeta que um dia foi poeta, não passará de uma lenda popular presa no sombrio imaginário infantil, trancafiado em suas próprias inseguranças, procurando alento na esperança do que já construiu.

P.s. : Textinho de merda, eu bem sei. Mas como faz tempo que não largo uma isquinha pros meus tubarões famintos, ai está. Deliciem-se. Nem só de maravilhas vive o homem. Beij.... Beijo é o caralho, fodam-se todos. Obrigada.

Com amor, mamãe.