terça-feira, 18 de outubro de 2011

As marcas do meu conserto desconcertado.

Essa sinfonia muda que abrandou meus pensamentos nessa noite, um grito histérico sem voz, uma história sem palavras ou personagens... Apenas o vazio de um eu preenchendo lentamente o seu. Hematomas pelos braços em meio ao caos dos violinos que ligeiramente evocam uma dor guardada com uma estranha euforia que até mesmo desconhecia: a alegria manchada de dor. O graves baixos, marcando uma tal segurança que antes não tinha, ou apenas se escondia por entre minhas vestes estranhas, aquele corpo estranho que não era meu. Tudo desconcertado nesse concerto em que a sinfonia nem era minha, o maestro não era eu, os músicos eram conhecidos de algum lugar de promessas e tenebroso sol, lugar que eu mesma desconhecia. A música descompassada atravessava minhas artérias, tomava conta dos pensamentos que outrora eram meus. Essa sinfonia estranha guiou minha alma pra um buraco distante do meu corpo e os pés que tocavam o chão, as mãos que afagavam aquele cabelo, não eram minhas, eram desse alguém que se desvirtuou na batida de um violoncelo violado pelas mãos de outra pessoa. E quando o conjunto se calou, percebi a hora do meu solo... Voei por entre os instrumentos e além, alcancei o céu na noite, afaguei as estrelas... E no meio daquele som desconcertado de um concerto mal ensaiado fui imprimindo meu tom único proveniente das batidas de um coração agora acalmado pela razão de existir.