quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ternura.


(Esse é um gatinho do IFBA que fica caminhando solitário e tem sido meu grande companheiro de conversas retóricas. Ele foi a inspiração.)


- Porque te apegastes tão fácil?
- Não sei. Não pude evitar não me render aos olhos tenros me fitando por entre as brechas das cadeiras. Não pude evitar o bombear mais rápido de sangue ao meu corpo quando o segurei e ele fez de minhas mãos abrigo. Não é todo dia que alguém sabe fazer do outro a sua própria casa. Temos andado trancafiados em nossos próprios devaneios idealizando coisas ideais e esquecendo do descompassado que nos envolve. Não sei. Não é sempre que alguém tira um minuto do dia pra me acariciar suavemente com o as patinhas, com as mãozinhas, com os olhinhos. Anda faltando ternura. Eu seria capaz de doar parte de mim pela ternura alheia, como um bem necessário ao meu ser.
- Você viaja. É só um animal.
- Foram só 5 minutos de solidão em que não me senti sozinha. Sem palavras, sem alarmes sem surpresas. O desenrolar calmo de uma serenata orquestrada por ternura. Nada mais que ternura. O embalo de carícias mútuas sem exigir nada em troca.
- E?
- Dei meu amor a um gato. Daria meu amor a você.

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