sábado, 5 de junho de 2010

Presságio para a lua.

Em frente ao espelho, penteou os cabelos questionando-se sobre a mágoa que agora carregava dentro de si. Não sabia em que lugar ao certo, se na cabeça, se no coração, se nos pés. Não sabia onde doía estar incompleta, por isso agarrava-se em seus próprios braços, estes não a decepcionariam. O que mais doía era não entender a mágoa. Levantou-se até a janela, farta daquela noite, daquela ligação, daquelas vozes que vinham da sala e da cozinha. Um momento de introspecção para tentar compreender-se. Não conseguiu. Era preciso desfazer os nós para então tecer os fios do seu inconsciente.
A casa, a insegurança, a janela. Preferiu entender a mágoa como um oceano. A tal mágoa era azul, tinha um gosto salgado... Não se via um fim, mas se sabia que do outro haveria terra. Haveria terra ao fundo e ao horizonte, o difícil era entender que até mesmo o naufrágio a levaria a algum lugar. Parecia tão perdida.

Perdida.

Perder-se.

Perdoa-se.

Só acharia o perdão se encontrasse a culpa e ao encontrar a culpa não conseguiu se desfazer dos princípios antigos que faziam com que abdicasse do perdão e abraçasse o vazio. O vácuo. Sem gravidade, optou pelo que na Terra seria gravitacionalmente inverso: agora era seu coração quem exercia peso sobre sua cabeça. Era como caminhar sob a lua.

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