domingo, 10 de janeiro de 2010

O primeiro post de 2010.

Um post com cheirinho de praia. Estou escrevendo diretamente do exílio litorâneo, sem lenço e sem documento. Na verdade aparentemente um paraíso, né? Praia, piscina, casa, cachorro... Natureza! Acho que esse é o principal ponto que faz de Guarajuba um desses lugares especiais, que as pessoas querem conhecer, retornar... Acho que é isso que faz daqui o lugar preferido de meu pai no mundo. Ele poderia ir pra Paris, London, conhecer as Ilhas Gregas. Mas Guarajuba continuaria sendo o seu xodó; é uma mistura de infinito particular, com projeção de sonhos e contato. Aqui ele tem a filha adolescente - a peraltinha que vos fala - bem perto dele, tem a natureza, a paz do verde. Eu, particularmente, adoro esse lugar. Adoro a forma que tenho mais contato com meu pai, adoro a casa, a natureza... Mas como disse, aqui é o meu exílio. Não no sentido pejorativo da coisa. Esse lugar me faz refletir mesmo. Qualquer momento deitada na rede é motivo pra uma busca introspectiva e sem explicação. Daí eu me pego fazendo análises sobre a minha vida, meus relacionamentos, mas o que martela principalmente na minha cabeça é esse treco sobre rumos. Ainda não defini bem, mas há um ano atrás eu estava sentada no mesmo lugar, gastando meu tempo com msn, ao invés de estar brigando com palavras mal colocadas em um bloco de notas. Eu estava com outras preocupações e outras limitações. E que peso um ano teve na minha vida. Pensava em como resolver outros problemas, em como calar outras ambições... E hoje a maior ambição que tenho é desbravar de forma triunfante os próximos anos baseado nas escolhas que tomei por agora, nas pessoas que acolhi por agora. Mas novamente, o peso de um ano me assusta. Me sinto tão acanhada e preocupada, por um ano ser tão extremista. Ser muito tempo, e ao mesmo tempo, pouco tempo. Ser bom e ao mesmo tempo ser ruim. Há um ano atrás meu irmão não estava noivo (parabéns a Carla que conseguiu laçar e amansar o elefante alfa da manada, espadaúdo... Vulgo Jojó da Babá), minha irmã não tinha um vira-lata que se transformou em um dinossauro. Há um ano atrás eu não queria matar e amar uma certa pessoa, tão simultaneamente. O peso de um ano não pode ser medido em uma balança. É tão irregular. Meu irmão uma vez me disse, numa dessas conversas rápidas de corredor de colégio me dando pílulas de sabedoria, que o futuro chegaria. Eu não precisava ansiar, ele chegaria de qualquer jeito. Mas sim, caros leitores, eu ainda tento manipular. Ainda tento manipular o futuro, condenar o passado, mas estou cada vez mais abrindo as mãos, os braços e quiçá as pernas no presente. (Sem ambigüidade porque o assunto é sério.) Arrematar a vida no peito e chutar com força pro gol: esse é o segredo. Nada diferente do clichê já visto, aposto que já leram uns 500 textos falando sobre como é importante viver a vida, não se importar com as coisas pequenas... Mas eu te digo, malandragem, no auge da minha pouca idade e da minha pouca vivência que não dá pra viver sem se importar com as coisas pequenas. Isso não é um atestado de mesquinhez. É um atestado de viver com uma das coisas mais essenciais: o amor. Como não ligar pra sua namorada que quer ir pra uma festa de verão em Salvador - lê-se: festa em que os homens estão no cio - se você a ama? Como não ligar pra uma resposta mal dada, uma feição mal encarada de alguém que você curte? Como não ligar se sua filha quer meter os pés pelas mãos, vez ou outra? Eu ligo para as coisas pequenas e vivo. Vivo bem. Vivo com paixão. Por isso se importe mesmo. Harmonia plena é utopia, sempre será. Não haverá relacionamento sem conflitos, sem erros. Mas não se pode deixar de valorizar o acertos e reverenciar os esforços. Cada gota de suor é como um pouco de amor exalado homeopaticamente. Cada cessão, cada conquista é uma prova diária de que o fator gostar se faz presente. Um ano se passou, pois é. E hoje no dia 10 de janeiro, fiz o meu primeiro post do ano de 2010. Vou confessar que foi a mais pura coincidência. Mas é isso que eu espero para esse ano: mais valor para as tais gotas de suor. Mais doses de uma harmonia conflituosa, que me pegue pelos cabelos e me acorde. Mais viradas na minha vida, pra que no ano que vem eu possa novamente contabilizar essas metamorfoses que ocorreram. Pra que eu possa contabilizar quantas vezes virei borboleta e voei para perto das coisas que almejei.

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