quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Chamado interno.

O traçado reto percorrendo as paredes do meu quarto. Cada detalhe mínimo, desde os mosquitos voando ao redor da lâmpada em uma dança psicodélica até o barulho que o vento faz rangendo por entre a fresta da janela. Todos os elementos perceptíveis, todos audíveis e visíveis até para a mais desatenta alma. Eu nem preciso traçar o meu perfil psicológico para qualquer pessoa saber que uma alma desatenta é sinônimo da minha. Acho que os arranhões, hematomas e as viagens elípticas que eu realizo ao ouvir uma só palavra descrevem muito bem esse estado de “ser”. Em meio ao vácuo iluminado; meu quarto... Algo falava mais alto do que a voz da minha mãe ao telefone no cômodo ao lado ou até mesmo a sinfonia aguda e desajeitada do vento. Algo me chamava, alguém me chamava. Quem poderia ser? É preciso ter coragem para analisar o que há dentro de si, é como um lado obscuro que se reserva a você, somente a você. E num deserto oco você é capaz de ouvir o grito abafado que emana de si próprio. É como um alerta para o que é verdadeiro e o que é ensaiado por suas células, tecidos e órgãos... É como a disparidade entre o que você sente e como você age. Pensar, sentir e agir. A voz que gritava era a minha própria voz. Era a quebra do silêncio que só eu escutava. A quebra do silêncio que só, eu escutava. Era algo muito além do plano imaginário traçado por você que está lendo isso. Era um apelo próprio para a ausência do amanhã e a presença do agora. Por isso todas às vezes em que o pequeno espaço entre o abismo e a terra firme me chamam, eu paro por um segundo para esquecer os estímulos externos. Eu paro por um segundo para ouvir o que emana de mim e se faz verdadeiro. É essa voz firme e equilibrada que exalta em uma palavra a essência de toda escolha: Viva.

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