quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A filosofia dos vetores.

Final de ano é uma coisa que balança mesmo com a gente, sem hipocrisia. É mais uma etapa vencida, mais um ano que se passou, não que isso seja bom, afinal as marcas da idade vão surgindo, junto com as responsabilidades do envelhecimento. Mais um ano onde você aprendeu, se fodeu, teve sorte... Encontrou a pessoa certa. Ou saiu passando por todas as mãos erradas. O fato é um só: passou. Inexoravelmente passou. Irrevogavelmente já era. E então vem toda aquela hipocrisia do natal, abraços... Eu me sinto numa verdadeira dança do quadrado e lá vamos nós: beijinho no inimigo, beijinho no inimigo! O que há de mais verdadeiro e essencial no natal, é na verdade esse processo que começa desde o finzinho do ano, onde contabilizamos erros e acertos planejando coisas mirabolantes – ou não tão mirabolantes – para o ano que irá nascer... Essa história de “então é natal e o que você fez” sempre me assustou, mas eu estava ocupada demais esperando o presente de Papai Noel. Esse processo de análise começa no momento em que notamos que estamos deixando coisas para trás e adquirindo novas. Módulo, direção e sentido. Sempre achei que isso só teria utilidade nas matérias do colégio, mas me enganei. Pessoas são como vetores, e o final de ano só viabiliza essa análise. Tudo o que nos separa na vida são sentidos. Olhe as pessoas que estavam com você no ano passado e hoje são somente boa lembrança. Agora olhe aquelas que ainda estão contigo... E pare pra dar uma observada nas pessoas que entraram na sua vida nesse ano que se passou. Alguns dos seres que hoje habitam no teu mundo, serão pó em um futuro bem próximo, bem como alguns ainda estarão contigo. Todo final de ano é nostalgia das coisas que passaram e acima de tudo é matemática vetorial. No momento em que pessoas tomam rumos dispersos, sentidos opostos, tendem a subtrair. Tendem a perder algo, como num cabo de guerra onde alguém leva a melhor, mas todos os participantes saem com as mãos arrebentadas. Rumos opostos são prejuízo, são subtração. Mas no momento em que decidimos caminhar juntos, no mesmo sentido, só temos a somar. Só temos a ganhar, absorver. O paralelismo é algo útil dentro de uma filosofia coletivista... E de fato vivemos em mundo onde pássaros sozinhos não conseguem migrar do norte para o sul, por mais que assumamos essa tal auto-suficiência utópica. E quando nos unimos – vetores que somos – geramos um fruto ideológico, ou até mesmo materializado, o tal vetor resultante. Quando não damos conta sozinhos de formar um pensamento, convidamos outros a pensar e agir conosco, então pelo método do paralelogramo geramos um vetor resultante de pensamentos, atos. Um vetor resultante da essência coletiva. Mais um fim de ano chega e junto com ele analiso as formas geométricas que tracei ao longo do ano. A felicidade da adição, a perda da subtração e os vários paralelogramos de afeto que me rodeiam... Olho até os rumos perpendiculares que geraram vetores de um pensamento reto e preciso. Então o meu natal é hoje, a minha árvore de natal certamente não é cônica e sim cheia de formas de quem passou e ainda passará pelo meu caminho.

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